Na manhã desta quinta-feira (9), instituições de ensino superior de todo o país participaram de um importante webinar sobre os novos processos de avaliação dos cursos de Medicina no Brasil. A atividade foi marcada por reflexões sobre a qualidade da formação médica e pelos esclarecimentos prestados por Ulysses Teixeira, representante do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
A abertura do evento ficou a cargo do Pe. João Batista, presidente da ANEC, que destacou os grandes desafios enfrentados pelas escolas médicas, como infraestrutura, formação ética e compromisso institucional.
Em sua fala, Ulysses Teixeira apresentou os dados do ENADE 2023, que avaliou mais de 31 mil estudantes de Medicina em 305 cursos, distribuídos por 262 instituições. A média nacional ficou em 65 pontos, considerada positiva, mas 12,8% dos cursos ficaram abaixo do desempenho esperado. As variações entre instituições públicas e privadas chamaram atenção: enquanto 39,8% das públicas obtiveram desempenho acima do esperado, esse índice foi de apenas 12,2% entre as privadas.
O destaque do webinar foi o anúncio oficial do Enamed – Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica – que substituirá o ENADE tradicional para os cursos de Medicina a partir de 2025. A proposta é unificar os modelos avaliativos do ENADE, da prova teórica do ENARE (residência médica) e da formação médica, criando um instrumento robusto e anual para aferir o desempenho dos estudantes.
Teixeira detalhou que o Enamed será aplicado com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), cobrindo áreas como Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina da Família e Comunidade, Saúde Coletiva e Saúde Mental. A prova contará com 100 questões objetivas e será aberta também a candidatos externos interessados em processos de residência médica.
Outra mudança significativa anunciada foi o novo cronograma de inscrições. A partir deste ano, as instituições deverão identificar os estudantes habilitados ao ENADE já em junho. As inscrições externas para o Enamed e para a Prova Nacional Docente ocorrerão em julho. Para evitar inconsistências, será obrigatória a inclusão do F dos estudantes e a escolha do município de aplicação, que será feito em cerca de 750 localidades.
Os resultados individuais dos estudantes serão divulgados já em dezembro, o que facilitará os processos de seleção para residência médica e contratações públicas. “O objetivo é transformar o Enamed em uma fonte confiável de evidências educacionais que subsidiem a regulação, o financiamento e a indução de qualidade no ensino superior”, destacou Teixeira.
Além da avaliação médica, o webinar abordou a Prova Nacional Docente, parte do programa “Mais Professores”, que visa valorizar e fortalecer a formação docente no país. A prova será utilizada por redes estaduais e municipais para a seleção de professores, com o objetivo de tornar os processos mais frequentes e qualitativos.
O encontro realizado pela ANEC deixou evidente que as mudanças em curso visam mais do que aferir desempenho: pretendem induzir a melhoria contínua da formação médica e docente no Brasil. Com a implementação do Enamed, o país dá um o importante rumo à transparência, comparabilidade e excelência na educação superior.
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